Seja bem-vindo!


Faça uma boa leitura. Prestigie-nos com seus comentários, críticas, sugestões.

Somos gratos por sua visita!

sábado, 1 de maio de 2010

A Escolha de Alice


Quem já teve a oportunidade de assistir ao filme “Alice no País das Maravilhas”, que estreou em Floripa há poucos dias, pôde contar com lindos efeitos em 3D, uma maravilhosa atuação de Johnny Depp como o chapeleiro maluco, de Mia Wasikowska como Alice, além é claro da malvadeza perfeita da Rainha Vermelha interpretada por Helena Bonham Carter e da bondade afetada da Rainha Branca na pele de Anne Hathaway. Deixando de lado questões de técnica e a criatividade genial do diretor, Tim Burton, vale à pena refletirmos um pouco sobre a atualidade da estória – baseada principalmente no clássico escrito pelo inglês Lewis Caroll em 1865 – que traz Alice nove anos depois do conto original, agora com 19 anos.

Todos, ou quase todos, conhecem a popular estória de Alice, que entra por um buraco no jardim chegando ao país das maravilhas, um local fantástico e onírico com criaturas esquisitas e situações totalmente surreais. Alice é uma menina esperta, teimosa e corajosa, e isso não muda no filme que a traz nove anos mais tarde. Desta vez, ela encontra o buraco e cai nele após fugir de um 'pedido de casamento surpresa' feito pelo filho de um amigo de seu pai (já falecido): um lorde com jeito esquisito que a pede para lavar as mãos após Alice ter tirado de seu ombro uma lagarta azul. A mesma lagarta Alice encontrará nos instantes seguintes, em seu sonho que dura horas, porém não excede alguns minutos na vida real – como aliás em qualquer sonho – onde seu pretendente espera ansioso pela resposta.

Lá, no país das maravilhas, ela reencontra os velhos amigos que fez quando criança: o coelho branco, a lebre, o chapeleiro maluco, o gato risonho... só se lembrará que já os conhecia antes ao final da aventura, mas mesmo assim ajuda-os a vencer a maldosa e estressada rainha de copas e devolver à rainha branca, irmã caçula da primeira, a coroa e o comando do reino. Para isso, Alice precisará passar por maus bocados, conquistar a amizade de um cachorro com jeito de monstro e vencer um outro monstro de verdade – um dragão. Antes da temida batalha final, Alice encontra-se ante o dilema de vestir ou não a armadura e assumir a árdua tarefa de vencer o bicho e trazer a paz ao reino. Pede então conselhos à lagarta azul, que já se prepara para entrar em seu casulo e iniciar sua metamorfose. Ela lhe diz, em tom de sabedoria, algo como: “essa escolha é só sua, não faça nada só para agradar aos outros”.

Alice reflete e escolhe seu destino, vencendo o temível dragão armada de uma espada que “já sabe o que quer”, e principalmente do mais importante: sua auto-confiança e a certeza de que tudo é possível. Ao voltar de seu sonho após conquistar a paz, retorna minutos depois ao gazebo onde a espera o pretendente e responde-lhe, em frente à platéia ansiosa, que não deseja se casar pois tem outros planos para sua vida. Sai triunfante, não sem antes dizer a algumas pessoas grandes verdades que, até então, guardava para si afim de não desagradar a ninguém.

O que a conhecida estória, agora com outra roupagem, nos traz de novo, é a velha lição da autenticidade: Alice não se casa, pois esse não é o seu desejo e sim o de outros, mas assume as antigas empresas do pai tornando-se sócia do ex-futuro-sogro. A escolha feita no onírico país das maravilhas levou-a à conquista da paz do povo - sua própria paz, na escolha da vida real - pois não se pode viver em paz sem ser autêntico. A espada que usou era sua própria intuição, ou desejo inconsciente - sabia o que queria. Para a época em que se passa o filme, nada mais autêntico e audacioso, uma mulher negando o casamento para voltar-se à escolha profissional. Para hoje, nada de mais atual: uma jovem - que poderia ser também qualquer outra pessoa - negando as escolhas feitas para si pela família, pelos outros ou pela sociedade e buscando a verdadeira satisfação através daquilo que de fato deseja para a sua vida. Vale à pena assistir. E refletir!

Nenhum comentário:

Postar um comentário