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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Comentando o filme "A Onda"

Incentivada e, de certa forma pressionada, pela intensa produção dos meus colegas de blog fiquei quebrando a cabeça pensando sobre o que iria escrever para fazer a minha estréia... o fato é que, só pensar, não me ajudou em muita coisa e acabei optando por deixar acontecer....

Já tinha lido um comentário sobre o filme A Onda na Folha de São Paulo e achei que poderia me interessar, mas acabou sendo mais do que isso, fiquei impressionada com a forma com que o tema fascismo foi lidado de forma próxima, clara, contundente e atualizada.

Sob a direção de Denis Gansel, o filme A Onda é baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967. Originalmente produzido para a TV alemã, traz o seguinte enredo: o professor Rainer Wegner deve ensinar seus alunos o significado de autocracia. Tratando-se de uma turma de adolescentes, com o fim de motivá-los a participar mais ativamente de suas aulas, resolve adotar um experimento pouco ortodoxo, que os levasse a vivenciar na prática, os mecanismos de sedução contidos no poder e que viriam a constituir um terreno fértil para o estabelecimento de atitudes fascistas. O professor auto-intitula-se o líder daquele grupo, escolhendo o lema “força pela disciplina” e junto com o grupo batiza o movimento com o nome de "A Onda", chegando por fim a uma saudação gestual específica, em alusão clara à saudação nazista. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da união e a ameaçar aqueles que não fizessem parte daquele grupo. Ao perceber a seriedade da situação, o professor Rainer tenta interromper o “jogo”, mas, já é tarde demais, e o movimento "A Onda" já saiu do seu controle.

Além de uma visão do ponto de vista educacional trazida à tona pela importância da liderança do professor em sala de aula como formador de opiniões e de comportamentos, incluindo a responsabilidade e os riscos que esse papel possa comportar, o filme suscita uma discussão ampliada acerca dos comportamentos coletivos e de massa.

Se pensarmos a turma de alunos como um grupo constituído, nesse caso, com objetivos comuns e submetidos a uma liderança autocrática podemos identificar algumas características que o definem e o levam a um funcionamento permeado de atitudes fascistas. Grupos que são levados a exercer um movimento no sentido da coesão absoluta levam seus membros, a desenvolver sentimentos, que beiram à fusão, à perda de individualidade e da autonomia. Os indivíduos, nesse caso, passam a existir em função do próprio grupo e para o grupo, baseados em um sentimento de pertencimento que ilusoriamente os alimenta e protege. Para isso, no entanto, é preciso combater os inimigos, representados por todos aqueles que não compartilham de suas convicções, insistindo em ser diferentes (daquele grupo é claro).

O modo naturalizado como esse movimento vai se estabelecendo no filme, nos mostra o quanto a possibilidade de atitudes fascistas em pequenos grupos pode estar sendo assimilada bem perto de nós sem que se perceba, atualizadas na forma de bullying.

O bullying se caracteriza por atitudes de agressão física ou psicológica por indivíduos e grupos geralmente em condições de exercer o seu poder sobre os supostamente mais fracos (Wikipédia).

O filme nos revela ainda, que o comportamento de bullying grupal, dada a força demonstrada pelo grupo, pode levar a proporções inesperadas e incontroláveis.



2 comentários:

  1. Lembrei de um outro filme que também trata de assunto relativo aos perigos de comportamentos coletivos, e o que é pior, baseado também em fatos reais; trata-se de "Um crime americano"

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  2. Outro filme que mescla violência de grupo e fundamentos nazistas: "A outra história americana".

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