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domingo, 11 de abril de 2010

Falar é prata, calar é ouro


Saber calar-se pode ser um caminho para a paz interior, segundo reportagem de 2006 da revista Bons Fluidos.
E por que calar é tão importante?
Vivemos na era da velocidade, do barulho, das multidões, dos "cheios", onde os vazios parecem cada vez mais sem graça e desvalorizados. Quanto mais atividades melhor, quanto mais coisas e compras melhor - nossas casas, nosso local de trabalho, as ruas e até mesmo o céu estão entupidos, preenchidos, plenos. E não sabemos mais silenciar. Nem nossa voz externa, nem nossa voz interna. Por dentro, somos uma sinfonia incessante, muitas vezes fora do tom, em desalinho com nossos desejos mais sinceros...
Tanto falamos na paz, tanto a desejamos! Mas será que a queremos de fato, será que sabemos buscá-la?
Ficar em silêncio, em nossa sociedade, é razão para olhares censuradores vindos de todos os lados. Se estamos dirigindo, ligamos o som do carro; se estamos em casa, ligamos a TV, o rádio, o computador; se estamos com alguém de quem gostamos, logo temos que falar alguma coisa, contar alguma novidade, fazer alguma queixa... o vazio do silêncio nos incomoda. A paz do silêncio nos incomoda. Ela não tem a velocidade que combina com a vibração do mundo atual.
Diz a reportagem:
"A beleza de uma paisagem tem o poder de nos calar. Enlevados pela visão da mata, do mar ou do horizonte aberto, não há a necessidade de dizer nada. O peito desaperta, o espírito se apazigua, e vem a sensação de estarmos totalmente vivos nesse instante. No dia-a-dia, entretanto, experimentamos a situação oposta. Engolidos por um massa de ruídos, produzidos por obras, automóveis, gente, enfim, levamos para dentro de nós a agitação externa, que se traduz em ansiedade e angústia. E a devolvemos para o exterior falando, falando e falando até mesmo sem pensar."
Precisamos aprender a calar. "Falar é prata, calar é ouro", diz o dito popular. Enquanto (só)falamos, não ouvimos ao outro, não ouvimos a nós mesmos, não ouvimos os passarinhos, a risada de uma criança lá longe. Não ouvimos e tampouco sentimos, pois o barulho interno nos faz embaralhar as percepções.
Vamos aproveitar o clima de introspecção do outono para mais ouvir do que falar, mais contemplar do que querer fazer, mudar, mexer. Nada como a sutil alteração nas cores da natureza, no nascer e no pôr do sol, na temperatura... nada como o cheirinho de fumaça vindo de alguma lareira, de uma casa qualquer, para nos convidar de volta para dentro de nós mesmos - para a simples e deliciosa contemplação do silêncio e da paz que ele pode nos proporcionar.

Luciana Boeing

2 comentários:

  1. Vivemos em uma sociedade que valoriza a "correria".
    Parar leva-nos a uma reflexão profunda sobre a superficialidade da vida de cada um de nós.
    Muitos ainda não estão preparados...

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  2. ...que valoriza a correria, que valoriza o fazer para "ter", que valoriza a quantidade, o excesso de compromissos e tarefas como sinônimo de pertencer a algum lugar, a quantidade de "amigos" prá poder medir o quanto somos queridos...acho que é preciso, realmente, se preparar melhor para encarar o silêncio e os momentos de solidão necessários a todos nós...

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