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terça-feira, 6 de abril de 2010

Toma que o filho é teu 2

Ao ler o título do artigo postado por Fernando: “Toma que o filho é teu” (Revista Época), fiquei imaginando a que se referia, remetendo-me imediatamente às questões que envolvem meu trabalho na área escolar. A discussão sobre o fato de colocar nas mãos de terceiros, responsabilidades que nós, enquanto família/comunidade/sociedade deveríamos assumir, ou ao menos lutar para haver melhorias também acontece no setor da educação em nosso país.
Durante os dois anos em que trabalhei na Secretaria de Educação de um município do interior do estado de Santa Catarina, em um programa de apoio psico-pedagógico, percebi claramente o quanto cada vez mais a população está depositando a educação de seus filhos nas mãos das instituições escolares. O comprometimento com o acompanhamento diário dos próprios filhos, está sendo deixado de lado, em muitos momentos, devido à correria da vida moderna e com isso valores se perdem também. Mas afinal, o que é educar? O que envolve o processo de educar?
Bem, essa é uma questão que abrange muitos aspectos e diversas opiniões. É difícil chegar a um consenso ou a uma noção absoluta de certo ou errado. Existem, por exemplo, comunidades onde o papel de educar é de todos os adultos, todos têm responsabilidades sobre as crianças que ali vivem.
Já, em nossa sociedade ocidental, esse papel fica para a família, em especial o pai e a mãe e, também para a escola. Olhando para essa questão, me parece haver vantagens se houver uma boa divisão, assim, as crianças podem ter modelos de adultos dentro e fora de casa. Porém, ao olharmos somente para a educação dita informal (aquela do dia a dia, na qual, regras, valores e noções de respeito são passadas às crianças), percebemos que essa divisão não tem funcionado. Na prática, percebe-se em muitos momentos, mensagens contraditórias sendo passadas para as crianças, por escola de um lado e família de outro.
A idéia de aproximar escola e família ainda está distante. Em muitos momentos o que vem ocorrendo é a entrega nas mãos da escola, além da educação formal (conteúdos que devem ser passados para as crianças e cumpridos com tempo determinado) também a educação informal que, em tese, deveria ser, no mínimo, dividida. Pais vêm desautorizando coordenadores e professores sem perceber que, se eles enquanto pais, não mostrarem o devido respeito e confiança para com os educadores que passam pelo menos a metade do dia com seus filhos, estes também vão se sentir no direito de não respeitar seus mestres na escola.
Um fato ocorrido recentemente no Rio de Janeiro ilustra claramente a discussão acima sobre o desrespeito da sociedade com a instituição escolar: Diretora de escola municipal no Rio de Janeiro foi agredida na semana passada. Segundo relatos, um aluno foi até a escola acompanhado da mãe e outros moradores de sua comunidade e agrediram a diretora verbalmente além de quebrar janelas e depredar o colégio.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u716421.shtml

2 comentários:

  1. Acho que mais do que uma situação isolada de violência, esse ocorrido citado pela Nara em seu post, vem sim confirmar o quanto escolas e famílias ainda estão distantes de uma parceria no que diz respeito à educação de crianças e jovens, seja ela em um nível formal ou informal e nos remete à questões reflexivas do tipo: como pais e escola podem atuar na formação do indivíduo e em que medida a parceria se faz necessária para que a escola possa além de informar, também propiciar um espaço de crescimento pessoal e desenvolvimento de cidadania?

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  2. Ótimo post!
    Falamos sobre responsabilidades e maturidade para assumi-las!
    Esses pais imaturos, ausentes, que não educam e não dão limites aos seus filhos, e os entregam às escolas com um "toma meu filho e eduquem-no", possivelmente serão aqueles que, futuramente, receberão o "toma que o filho é teu" da sociedade brasileira, quando este filho terá se tornado um dependente químico delinquente.

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