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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ainda somos os mesmos e vivemos... como nossos filhos?

“Ser jovem deixou de ser uma etapa da vida para se transformar em um estilo de viver. Isso significa que, quando a criança entra na adolescência, ela passa a se relacionar com adultos iguais a ela, ou seja, tão jovens quanto ela. Na questão educativa, esse é um fato complicador. A adolescência é o tempo de amadurecer, mas, se os pais não ajudarem o filho a entrar na maturidade, ele continuará a agir de modo infantilizado.”

http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/

As palavras de Rosely Sayão, educadora e psicóloga de renome, em seu blog, nos levam a pensar no que alguns pais têm feito – ou deixado de fazer – a respeito da educação de seus filhos. Pais amigos, pais liberais, pais que poderiam estar formando adultos responsáveis, autônomos e seguros, mas não o estão de fato, por um detalhe: não sabem assumir, ao menos em determinadas situações, a posição de adultos perante seus filhos.

O adulto – palavra chata, essa – ao olhar do adolescente, do jovem[i], é aquele que dá o limite, aquele que frustra. Através do olhar, da palavra, do gesto. Representa o “não, você não pode”, “você não vai”, “você não deve”... e assim por diante. Por outro lado, é um modelo a ser seguido, afinal os jovens também anseiam alcançar a vida adulta um dia. Mas, em uma sociedade que valoriza e embeleza a juventude, o papel do adulto tem sido deixado, na maioria das vezes, em último plano. Ninguém quer assumir o posto de chato. Ser jovem é muito mais bacana! Dá status, dá poder – inclusive no âmbito do trabalho, onde o mercado cada vez mais incorpora o profissional “super” disposto, disponível, criativo, ágil... jovem.

Mas, quem perde com isso?

Os filhos, em primeiro lugar, que não encontram em casa aqueles que lhes darão os limites necessários para que se tornem adultos seguros, responsáveis e autônomos. Em consequência, perdem o modelo, por um lado, e não desejam ser adultos, por outro – acabam por não ver na vida adulta algum atrativo. Será que logo teremos um mundo só de jovens, só de iguais, repetições de um mesmo modelo? Talvez então a sociedade seja aquela que perde em segundo lugar.
No pacote “jovem” adotado por muitos adultos na contemporaneidade, não há espaço para o papel de cuidador, de educador. Pois cuidar dá trabalho, exige tempo – sacrifício daquele dedicado a si próprio, e muita, mas muita disposição. E educar implica – entre outras coisas – dizer não. Implica ser chato, às vezes. Não se trata de não ser amigo dos filhos, mas sim de dar-lhes o limite necessário não só para que aprendam a lidar com frustrações – das quais, diga-se de passagem, o mundo está repleto – mas também para que acabem tendo que reservar, para si e para os “seus”, certos segredos que lhes garantam entre outros aspectos um espaço de construção da própria singularidade.
Os pais de hoje – não todos, evidentemente – estão jogando fora a oportunidade de serem adultos para seus filhos. De dar-lhes a segurança do limite, do não. De dar-lhes, inclusive, a chance de experimentarem a diferença em relação àqueles que os geriram. Afinal, qual o problema em “envelhecer”, aceitar as mudanças de ciclos, abrir mão de um lugar, de um papel? É claro que as novas gerações virão com um novo discurso, desejarão – mesmo que muitas vezes isso aconteça somente na fachada – trocar o velho pelo novo... tem sido assim por muitos e muitos anos. E que problema há nisso?

O problema é que, hoje, ninguém quer abandonar a própria juventude, sob o risco de ser visto como ultrapassado, pelo medo de perder seu espaço, de ser descartado... estamos na era do descartável, afinal. Então, mais seguro engessar o tempo! Vã ilusão, com um tanto de egoísmo. Afinal, quando éramos jovens, também queríamos ter algo para transgredir – e um porto seguro para voltar, depois disso, quando algumas vezes percebíamos que a experiência dos mais velhos havia falado mais alto. E isso, certamente, nos fazia mais próximos da vida adulta.




[i] Aqui entende-se que não há “o jovem”, pois existem variadas formas de ser jovem.

Um comentário:

  1. Dewey, filósofo americano, em sua obra "Vida e Educação" fala que simultaneamente vivemos, experimentamos e aprendemos. Educação nesse sentido é um processo que envolve reconstrução e reorganização da experiência, percebendo melhor seu sentido e assim nos habilitando a melhor dirigir nossas experiências futuras.
    Olhando a partir desse significado de educação, reforço sua reflexão Lu, sobre a importância do adulto e seus diversos papéis no dia-a-dia da criança.

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